R$ 1,5 Bi de investimento privado em infraestrutura no ES, em 2022
Especialistas do setor de logística calculam uma nova onda de desenvolvimento no mercado do Espírito Santo (ES), com atração de operações de grandes empresas e planos de expansão que prometem mais que dobrar as áreas de armazenagem nos próximos dois anos, levando em consideração estruturas compatíveis com que o mercado de empresas de alto nível exige. A estimativa é de que os novos negócios girem investimentos privados da ordem de R$1,5 bilhões e criem até 5 mil novas vagas de empregos em 2022.
De acordo com o economista e consultor empresarial, ex-secretário de Estado da Fazenda e ex-diretor presidente do Bandes, Maurício Duque, o “cavalo foi selado” quando a desvantagem do ES em relação ao desvio logístico dos grandes centros consumidores foi compensada pela a prorrogação, por até 15 anos, das isenções, incentivos e benefícios fiscais no estado (Lei Complementar 186/21). Com isso, além das operações de distribuição e e-commerce, inclui-se também aquelas amparadas nos incentivos do FUNDAP e do INVEST dentre as beneficiadas.
“A prorrogação dos benefícios é um marco em 2021, que abriu uma janela de oportunidades para 2022. As perspectivas do setor já vinham positivas e agora é ainda mais significativo o volume de empresas em fase de estudo e negociação para trazer ou ampliar operações no estado. Essas consolidações devem acontecer no próximo ano, o que significa que é preciso se preparar para absorver as demandas, que chegam com exigência de alto padrão construtivo e para serviços”, alerta Duque.
Para o diretor executivo da TX Negócios, empresa com o maior volume de intermediação de áreas no ES, Sandro Marcio Frinhani Viturini, os principais desafios dessa fase de progresso também estão sinalizados. Segundo ele, já começa a faltar mão-de-obra capacitada local para atendimento e será imprescindível a interiorização dos negócios, o que significa necessidade de investimento em infraestrutura de base em terrenos fora da zona metropolitana.
“Estamos negociando espaços logísticos estratégicos com cerca de 20 grandes players. A demanda é para mais de 450 mil m2 de armazéns. Contudo, as áreas na Grande Vitória, à beira de pista, subiram de R$ 150 para mais de R$ 350 o metro quadrado, e as empresas passaram a demandar uma busca por regiões alternativas. A TX está fazendo esse mapeamento e terrenos fora do eixo logístico atual que receberem investimentos básicos em infraestrutura podem gerar grandes negócios”, destaca Sandro.
O diretor da TX ainda explica que o momento é agora, pois as empresas têm um planejamento de pelo menos médio prazo, que inclui expansão para 3 anos ou mais. “A grande marca não chega aqui para resolver um problema imediato, as coisas são calculadas. As áreas que estamos buscando para o atendimento já prevêem a ampliação das operações até pelo menos 2025. A oportunidade de negócio está batendo na porta de quem tem espaço, com área regularizada, bom acesso, energia e saneamento, por exemplo”.
Entre as regiões que estão chamando a atenção, Duque lista Colatina, Linhares, São Mateus e Aracruz. Além disso, no sul do estado, com benefícios financeiros muito acessíveis, está sendo observada a perspectiva para a construção do Porto Central. Uma diversidade de locais que aponta para necessidade de muita mão-de-obra especializada, de forma descentralizada, exatamente em regiões onde há uma lacuna de profissionais.
“Está acarretando todo um processo, pois isso tudo tem que se movimentar. Da chegada da matéria prima até a distribuição do produto final, tem que ter a logística, como diz o Duque, “no estado da arte”, e para isso precisa de mão-de-obra, de motorista de caminhão a operador de empilhadeira, engenheiros, até a parte de apoio administrativo. Também continua e cresce a demanda para profissionais da área de comércio internacional”, complementa Sandro.
Duque concorda e ressalta que “apesar das dificuldades logísticas ainda existentes na questão portuária, temos uma promessa de solução com novos portos. O Porto da Imetame será um salto! Aracruz é um ótimo exemplo, hoje forte em celulose, metal mecânico e offshore, pode ter um pólo industrial diversificado. Estamos vivendo uma demanda de empresas de médio e grande porte, de diversas outras áreas, de alimento a material elétrico, estudando Aracruz pela proximidade logística e pelos benefícios, uma vez que a região entrou na área da Sudene“.