E-commerce acumula desafios na Logística Reversa

O robusto crescimento do e-commerce nos últimos anos e as exigências cada vez maiores de sustentabilidade nas operações impulsionaram significativamente o setor de logística reversa. Estamos falando do conjunto de procedimentos para recolher e destinar um produto, embalagem ou resíduo pós-venda ou pós-consumo. 

Desde 2010, a prática é obrigatória para empresas de agrotóxicos; pilhas e baterias; pneus; óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens; lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista; eletroeletrônicos e seus componentes.

Mas mesmo empresas que não têm a obrigação legal de implantar a logística reversa já começam a se envolver com o tema. Além disso, muitos consumidores preocupados com a sustentabilidade colocaram o assunto no radar, como também investidores voltados à Agenda ESG (Meio Ambiente, Social e Governança).

Os números comprovam que a logísca reversa. “No último ano, este nicho cresceu pelo menos 10%, e a expectativa é que o aumento chegue a 30% até meados de 2023. “Isso significa ter de 25% a 30% a mais de armazéns nesse perfil, nesse período, porque a logística reversa não se mistura com a comum”, observa o CEO da TX Negócios, Sandro Márcio Viturini.

Origens e exigências 

O conceito de logística reversa nasceu na Europa há cerca de 30 anos e ganhou força no Brasil com a publicação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, Lei 12.305/2010. De acordo com a legislação, fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes tornaram-se responsáveis, em conjunto, pelo ciclo de vida dos produtos.

Assim, órgãos públicos e empresas privadas passaram a ter que promover ações para reduzir o volume de resíduos e seus impactos na saúde das pessoas e no meio ambiente. 

Conforme prevê a lei, fabricantes, distribuidores, comerciantes e importadores são obrigados a estruturar sistemas de logística reversa, mediante retorno dos produtos após o uso pelo consumidor, independentemente do serviço público de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos.

Mesmo empresas que não têm a obrigação legal de implantar a logística reversa já começam a se preocupar com o tema.

Vantagens no sócioambiental 

Não é financeiramente lucrativo, pelo menos ainda, para a indústria, mas a logística reversa contribui para a manutenção do meio ambiente, diminui a necessidade de novas matérias-primas e estimula o descarte adequado de resíduos, aproximando as marcas da Agenda 2030 e das diretrizes ESG.

Ela também insere boa parte dos resíduos novamente na cadeia produtiva, otimiza a utilização de recursos naturais pelas indústrias e compartilha a responsabilidade pela gestão de resíduos entre cidadãos, poder público e iniciativa privada. 

Consequentemente, contribui para a identificação de gargalos e melhoria de processos, redução de custos e ajustes na produção, na armazenagem, na distribuição ou no uso de determinado produto. 

“Neste segmento, boas estratégias para soluções eficazes e econômicas podem impactaro preço final do produto e a competitividade. O desafio é grande e vencer de forma criativa é uma necessidade”, destaca Sandro Marcio.

Responsabilidades e etapas

A logística reversa tem cinco etapas:

1 – Os cidadãos são conscientizados sobre a importância do seu papel na logística reversa

2 –  O consumidor devolve o produto, resíduos ou embalagem ao comerciante ou distribuidor, nas condições e lugares definidos pelo sistema de logística reversa

3 – O comerciante ou distribuidor envia o produto ou embalagem ao fabricante ou importador

4 – O fabricante ou importador encaminha para reuso, reciclagem ou descarte adequado

5 – Os órgãos públicos fiscalizam a cadeia, garantem que as etapas anteriores são feitas da forma correta e conscientizam ao lado dos demais responsáveis pela logística reversa.

Pós-venda e pós-consumo

Essas cinco etapas valem tanto para a logística reversa pós-venda quanto para a logística reversa pós-consumo. 

Na logística reversa pós-venda, o produto volta para a cadeia de distribuição antes de ter sido usado pelo consumidor, seja pela identificação de um defeito ou avaria, por algum erro no processamento do pedido ou por insatisfação com a compra, por exemplo.

Neste caso, é fundamental que a empresa disponha de um controle adequado de fluxo e das informações logísticas, bem como de uma estrutura organizada para receber os itens e tomar as providências necessárias. 

Por outro lado, na logística reversa pós-consumo, o produto adquirido foi utilizado e descartado pelo consumidor, geralmente pelo término de sua vida útil ou validade. Neste caso, a empresa deve avaliar as possibilidades de reuso para retorno ao ciclo produtivo, reciclagem ou descarte adequado.

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